Do Baú:
Gardunha verde-névoa
do sol quente da tarde
As casas empilhadas
as árvores quietas
e esta aragem morna e sonolenta
("Do tempo dos sonhos", Beira Baixa, 1985)
Autoria e outros dados (tags, etc)
Do Baú:
Há coisas que não mudam
permanecem iguais a si mesmas.
Como o Mosqueiro com os seus rochedos, imponentes,
a capela da Senhora da Confiança, muito branca,
a torre da igreja que bate agora as horas pontuais
e certos rituais como a missa de domingo
as mesmas palavras, os mesmos gestos
as mesmas imagens, os mesmos santos.
("Do tempo dos sonhos", Beira Baixa, 1985)
Autoria e outros dados (tags, etc)
Do Baú:
A lua nasceu, rubra, como uma chama
Veio com o crepúsculo e agora, já noite
domina o céu, imponente e solitária
Ficar assim, a olhar a lua cheia
e a sua doce tranquilidade
Ouve-se um murmúrio crescente nas ruas
as pessoas animam-se, as crianças brincam ainda
Em breve todos saem de casa e passeiam, ociosos e felizes
O rio, com a maré vaza, não se vê brilhar
Alguém toca viola aqui perto
sempre a mesma melodia andaluza
Ficar assim, a olhar a lua cheia
já mais pálida, a dominar o céu
na sua doce tranquilidade
("Do tempo dos sonhos", Punta Umbria 1983)